segunda-feira, 16 de março de 2009

Da democracia


Confusão das classes – A igualdade que a democracia proclama não convém à organização das classes, mas apenas à sua confusão e dispersão. A democracia não cuida de que as profissões, como tais, vivam em corporações, pelo contrário, evita a sua organização com o receio de que elas se possam opor à sua única aspiração – o domínio político por intermédio da maioria parlamentar. Além disso, as classes não se encontram apoio seguro para sua protecção, dada a instabilidade dos homens e das leis que é própria do regime democrático.
A democracia leva a indisciplina aos meios operários, falseando-lhes a noção de dever, pela ampla atribuição de direitos que nunca podem ser concedidos e pela propaganda anti-religiosa dos seus agentes. À igualdade como dogma abstracto, correspondem as desigualdades e diferenças que a natureza estabelece. A democracia, pela ilusão de liberdade, escraviza o trabalho à tirania da oferta e da procura e torna os homens escravos. Em democracia não há nenhum critério de apreciação de vantagens morais e profissionais. A urna fala, cala-se contente a teoria, mas os factos e o bom senso protestam contra a burla. A democracia é o regime político em que os labregos, pretensamente, escolhem quem os governa, ficando depois nas mãos de tribunos amorais e vis que os espezinham escudados na pretensa legitimidade que lhes foi conferida.

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